Religião Ele pode ser preso!
Malafaia tem semana de celebridade, farsa e arrependimento
O homem que gosta de ostentar poder.
24/08/2025 09h42
Por: Hilton Lima

 

 

Texto: Ronilso Pacheco - Colunista do UOL

24/08/2025 08h07

Malafaia parecia pronto para enfrentar a repercussão da inclusão do seu nome em um inquérito do Supremo Tribunal Federal. Afinal, seus ataques ao STF e, particularmente, a Alexandre de Moraes não são de agora. Dá até para dizer que ele procurava há muito tempo por algo assim.

 

Ele gosta de holofotes. Gosta de ser visto e ouvido. Por isso grita sempre que pode. Há anos, entoa o coro "Alexandre de Moraes, ditador de toga". Sua gritaria já virou caricatura. Ele ama a mídia e, sem dúvida, adorou ser o centro das atenções nesta semana.

 

O que não esperava era o efeito colateral: o linguajar desbocado e os palavrões em áudios com os Bolsonaros roubaram a cena. O desconforto provocado.

De início, tentou posar de autêntico e forte. Parece que não convenceu. Ontem, gravou um vídeo raro: para se justificar. Disse que respondia a críticas de irmãos evangélicos sobre seu "jeito de falar". A verdade é que Malafaia se viu isolado no campo evangélico e, claro, ficou meio indefensável diante da enorme membresia de sua própria igreja.

 

Não é por acaso que o seu vídeo vem no sábado, véspera de domingo, o dia de encarar a sua igreja no púlpito, cara a cara. Hora de falar como pastor, como as ovelhas esperam.

 

Você, como eu, provavelmente nunca viu um vídeo gravado por Malafaia em que ele repete tantas vezes que também é um pecador. O homem que gosta de ostentar poder. Pode não ser importante para a sociedade como um todo, mas, para um crente evangélico pentecostal, tem peso. Nenhum crente espera ouvir de um pastor, mesmo quando enfurecido, um linguajar constrangedor e recheado de palavrões.

 

No vídeo, Malafaia —acostumado a esbravejar ataques sistemáticos aos seus alvos, quase sempre sem recorrer a qualquer versículo bíblico— citou nove versículos bíblicos em cinco minutos, numa estratégia clara de persuadir o público evangélico.

 

Curioso que a primeira passagem bíblica citada por Malafaia seja a do Evangelho de Mateus, capítulo 7: "Não julgueis, para que não sejais julgados". Chega a ser irônico que ele tenha recorrido a essa passagem.

 

Mesmo assim, tenta transformar o episódio em "liberdade religiosa". Mas sabe que não é disso que se trata. Ao insistir no argumento, mostra sua covardia.

 

Malafaia precisa que sua base acredite que ele é perseguido por ser "o" líder evangélico. Não apenas um líder, mas "o" líder. Depende disso para que ignorem o que o processo do inquérito envolve e releve seus maus hábitos em mensagens privadas.

 

Os fiéis da Assembleia de Deus Vitória em Cristo conseguem separar o pastor dos cultos do homem raivoso que ataca adversários e adora mídia. Às vezes, isso soa como coragem. Mas há limites: ninguém tolera um pastor que, com a mesma boca que prega no domingo, despeja palavrões no dia a dia. Isso já é flertar demais com a farsa.